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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Jogando com um Panda.

Olá, galera.

E aí, jogando muito?

Adivinhem só: eu estou! Não tanto quanto gostaria, é verdade, mas depois que coloco meu filho pra dormir, lavo a louça, tiro a roupa do varal, dobro e guardo a roupa e varro a casa aí eu desconto: sento e jogo. YES!

...

Ah, não acredita que eu faço tudo isso?

Pergunte pra minha esposa então, meu amigo!

Essa é a forma que eu aprendi de como garantir algumas regalias no casamento. Ah, quer saber quais?

...

Vá casar pra descobrir, ôxe! E se eu fosse você, meu amigo casado, eu faria tudo isso e mais um pouco pra evitar confusões.


Mudando de assunto: eu tenho um grande amigo. O apelido dele é Panda. Digo grande amigo não só pelo companheirismo que temos... mas pelo tamanho do cidadão: ele parece um urso grande e largo, porém branco... daí o apelido.

Mas porque que não apelidaram ele de Urso Polar então?

...

E EU SEI LÁ, HOMI!

Já conheci ele assim.

Ele gosta de jogar videogame também. Principalmente jogos de ação onde ele possa extravasar toda a sua “BRUTALIDADE E CAVALICE” que nós, os amigos dele, sabemos que ele tem. Por exemplo: Panda se refere a mim usando termos carinhosos como “VENTA DE SUVELA, ANTA RETARDADA E MULA CANGULA”.

Mas isso é só pra tirar onda. É a forma que ele tem pra dizer que gosta da gente sem parecer gay. Porque Panda tem um coração do tamanho do bucho dele e não mede esforços na hora de ajudar um amigo.

Ah, sim. Às vezes ele confunde direita com esquerda e vice-versa.

E isso é MUITO RUIM quando a gente tá jogando junto.

Imagina aí: Estamos jogando juntos uma certa missão, ele me dá cobertura e eu avanço pra um local cheio de inimigos. Começo a abrir fogo. A ação é intensa. A bala zunindo no pé da orelha, granadas explodindo, a metralhadora cantando, corpos caindo e eu dizendo um “eita piula” frequentemente... aí ele diz: “Tem um cara vindo na tua direita aí, Suvela!” De súbito, viro pra direita já com o dedo no gatilho, confiando na informação do meu companheiro que está me dando cobertura para eu não morrer.

E eu morri.

O inimigo veio pela ESQUERDA e me pegou pelas costas. Morri feito uma galinha caipira na hora do abate pra fazer a cabidela.

PORQUE A MULA CANGULA DA GÔTA SERENA NÃO SABE O QUE É DIREITA E ESQUERDA... às vezes.

...

Aí eu olho pra ele e ele me diz: “ô... era esquerda, ó?”

...

Mas jogar com ele é massa. Quase toda semana a gente se reúne pra jogar. Hoje estamos mais atualizados, jogando Army of Two e Gears of War... Mas antigamente a gente jogava Sniper Elite.


Sniper Elite: Jogo de ação em terceira pessoa de 2005 para Playstation 2, Xbox e PC. Se trata de um atirador de elite no fim da segunda guerra mundial, enfrentando os nazistas sob o olhar de seu rifle de alta precisão. Com gráficos medianos para a época, o jogo empolgava pelo fato de inovar nos tiros dos “snipers”, transformando os acertos nos inimigos numa viagem cinematográfica da trajetória da bala. O que era empolgante de se ver, principalmente se o inimigo estava a quilômetros de distância. O jogador pode escolher o nível de dificuldade pré-programado no início do jogo bem como selecionar as dificuldades específicas. Por exemplo: Você decide se quer que a gravidade influencie nos tiros a longa distância, ou ainda a força do vento. Lógico que a graça está em jogar com tudo que o mundo e suas leis da física oferece, fazendo com que você se torne um analisador e calculador tal qual um atirador de verdade seria antes de apertar o gatilho.

Nisso tudo entra a estratégia e a tática de guerra. Você pode esperar para que os inimigos entrem um na frente do outro e pegar os dois com uma só bala, ou atirar milimetricamente na granada presa na roupa de um sentinela, ou implantar bombas-relógio, dinamites e granadas presas a fios estrategicamente presos em passagens usadas pelo inimigo, atirar na tampa de combustível de um tanque de guerra e vê-lo explodir... enfim, as possibilidades variadas, a boa inteligência artificial, a mira impecável dos inimigos e o nível de dificuldade desafiante fazem deste jogo um clássico que tem que ser jogado pelos fãs de jogos de ação.



Além do mais existe um modo multiplayer cooperativo onde dois jogadores enfretam juntos a história principal, com o nível de dificuldade em dobro. E era lá que Totó e Panda passava horas e horas jogando.

Bons tempos...

Que não acabaram...

Isso merece um crônica. O texto abaixo aconteceu exatamente do mesmo jeito que nós jogamos. Só retirei os palavrões de Panda e as inúmeras vezes que nós morremos pra tentar salvar o infeliz do informante.

“ "Alvos à nossa direita, bem abaixo de nós." A voz era rouca, um pouco mais que um sussurro. Ali, naquela altura onde o vento assobiava forte a frase quase não foi ouvida pelo companheiro ao lado, mas eles estavam acostumados à pouquíssima comunicação e muito frequentemente o silêncio era a arma mais mortal que eles tinham, salvo quando esse silêncio valioso era rompido pelo ronco seco e estrondoso do tiro de seus fuzis com mira telescópica... e quando isso acontecia o alvo raramente tinha tempo de ouvir esse som, pois já estava morto. “Afirmativo, confirmando alvo à nossa esquerda, bem ao lado do caminhão.” A lente da mira estava suja e empoeirada pelo tempo de uso exaustivo, mas ainda sim era eficiente como um olho de águia. Aliás, “Eagle Watch” era como eles eram conhecidos pelos seus informantes, que eram poucos pois eles estavam atrás das linhas inimigas, em algum lugar da União Soviética à serviço da nação que foi tomada pelos nazistas. A missão que lhes foi designada era direta mais nem um pouco simples: se infiltrar na cidade capturada e dar cobertura à fuga do espião russo que conseguiu informações secretas do alto-comando alemão. O prédio imponente onde ele se encontrava era no centro de um grande pátio no meio da cidade; uma construção clássica com uma grande escadaria na entrada e colunas sustentando a fachada. Era cercado por casas e edifícios em ruínas e ficava a alguns metros em frente de uma catedral que tinha uma grande torre onde o topo era abobadado – uma característica arquitetônica daquele país – e que neste exato momento servia perfeitamente como um excelente posto de observação para os dois atiradores de elite da Mãe Rússia. Eles estavam deitados nos destroços do teto da torre que muito provavelmente fora atingida por um bombardeio aliado. O vento que passava pelo buraco era frio e batia diretamente na face. As roupas desgastadas por tantos dias de uso ofereciam uma ínfima defesa contra o frio, mas era altamente ineficiente contra uma bala inimiga. Eles não se lembravam qual tinha sido a última vez que tiveram uma refeição decente ou até mesmo um sono revigorante. Mas nada disso importava, pois a única preocupação era manter o braço firme, calcular a gravidade e prestar atenção na mudança de direção e na força do vento... os tiros precisavam ser perfeitos. O atirador da direita ergueu o dedo indicador e apontou para as ruas laterais do prédio central, mostrando sem falar nada que o reforço deveria vir por àquelas ruas quando o alarme soasse. O outro confirmou levemente com a cabeça e fez sinal afirmando que cada um iria cobrir uma rua daquela quando o reforço viesse. Três soldados inimigos metidos em seus uniformes cinzentos e com a suástica bordada numa faixa atada ao braço circulavam vagarosamente no pátio em frente à escadaria fazendo uma ronda... sem ao menos desconfiarem que já estavam marcados para morrer. De repente, um deles parou a caminhada e olhou para a entrada do prédio. O atirador da esquerda percebeu a parada repentina e sinalizou com o olhar. “É agora!”. As portas centrais do prédio se escancararam e o espião saiu por elas de costas atirando com uma metralhadora MP 40 para o interior da construção. Os soldados no pátio se viraram para o fugitivo com surpresa e antes que entendessem o que estava acontecendo os dois estrondos ecoaram pelo pátio quase ao mesmo tempo: as balas dos fuzis voaram com perfeição e atingiram dois dos soldados na parte de trás dos capacetes. O borrifo vermelho escarlate espirrou pela testa e eles caíram. O movimento de recarga dos atiradores foi rápido, sincronizado, perfeito. O inimigo que restou olhou rapidamente para o topo da torre e foi a última coisa que ele viu: o fuzil da direita disparou mais uma vez e o olho direito do soldado foi substituído por um buraco vermelho. Ao mesmo tempo em que o corpo caiu o alarme foi acionado. O espião virou e começou a descer as escadas. A gritaria atrás dele dava para ser ouvida pelos atiradores denunciando que os inimigos iriam sair do prédio em seu encalço. Assim que três deles atravessaram as portas, dois instantaneamente foram atingidos no peito, o terceiro percebeu que o espião estava sendo coberto por alguém e rapidamente buscou proteção atrás de um pilar. Mais vozes eram ouvidas agora e a sirene se somava à confusão. O atirador da esquerda viu uma movimentação surgindo da rua à esquerda do prédio e rapidamente apontou sua arma naquela direção. Quatro soldados irromperam abrindo fogo contra o espião, que estava na metade da escadaria. Só restavam três balas no cartucho e o atirador atirou duas vezes sem pensar, os dois inimigos no começo da fila tombaram mortos. Mais uma vez a cápsula vazia da bala foi expelida pela alavanca e a última das cinco balas do cartucho entrou na agulha: “Só mais uma na agulha” o atirador teve tempo de pensar, mas as circunstâncias sorriram para ele quando na correria um soldado entrou na frente do outro e ficaram os dois ao mesmo tempo na trajetória do projétil. Com um breve sorriso nos lábios o atirador puxou o gatilho. O seu companheiro à direita só ouviu o tiro e uma afirmação logo depois: “Dois pelo preço de um, Camarada!”. Enquanto isso o outro estava esperando uma pequena brecha pra atingir o inimigo atrás da coluna. O espião tinha alcançado o final da escadaria e procurava proteção atrás de algumas caixas e barris que estavam depositados ali aos pés da escadaria e em frente ao caminhão estacionado, se virando para o alto da escada e para as portas ele voltara a abrir fogo contra os seus perseguidores. Tinham saído mais dois inimigos pelas portas e um deles já tinha sido atingido na cabeça pelo atirador da direita, enquanto ele mesmo cuidou do outro com a metralhadora alvejando seu peito com uma rajada. O soldado atrás da coluna aproveitou e pôs o corpo levemente para fora da coluna e disparou contra o espião, que por pouco se abaixou atrás dos barris e não foi atingido. Era a chance que o atirador queria, pois o braço do inimigo ficara exposto. Um único tiro certeiro o acertou em cheio e o soldado caiu gritando no chão segurando o braço ferido. A mão ágil do atirador da direita já tinha recarregado quando o seu comparsa avisou: “Mais inimigos à direita”. Voltando a arma naquela direção ele viu mais cinco soldados saindo da rua e se espalhando no pátio. Deu tempo de puxar o gatilho e abater o último da fila. Agora a atenção estava voltada para eles e uma chuva de balas começou a cair em cima da torre. O atirador da esquerda também voltou sua atenção para esses inimigos e enquanto acertava mais um deles no peito não viu que um atirador de elite alemão alcançava o teto de uma das casas na extrema esquerda da torre e tomava posição. Outros dois soldados tombavam no pátio, um com uma mancha vermelha entre os olhos do tamanho de uma moeda e o outro levando a mão ao pescoço de onde uma grande quantidade de sangue jorrava. O último desse pelotão tentava correr em direção a um bunker que estava na margem direita da escadaria; uma pequena construção de concreto circular com uma única entrada e pequenos espaços retangulares para quem estiver dentro atirar com mais segurança. O atirador da esquerda se precipitou e puxou o gatilho no momento em que o vento mudara de direção, o projétil fez uma leve curva para a direita e mergulhou bem abaixo do quadril do inimigo, que gemeu e caiu a centímetros da entrada do bunker e acabou se arrastando para lá. “Maldição. Perdi ele!”, blasfemou o atirador, e um segundo depois ele sentiu o seu ombro esquerdo queimar dolorosamente seguido de um estampido seco à sua esquerda. O sniper inimigo tinha encontrado seu alvo. Em meio a um gemido de dor por entre os dentes ele ouve outro tiro, mas dessa vez fora seu parceiro que vira o esconderijo do adversário e num lance de reflexo disparou contra ele. A bala atingiu a luneta da arma e arrancou um pedaço da face do soldado. O sangue tingindo a parede atrás do corpo... da mesma cor do sangue que agora escorria pela manga do uniforme do outro e manchava o chão da torre. Vendo o olhar de preocupação do parceiro o outro sinalizou que estava bem; a bala o acertou de raspão. “Ele não era tão bom quanto nós afinal.” Os dois voltaram a atenção para o espião que nesse momento estava agachado atrás das caixas e barris olhando para um lado e para o outro à espera de algo. “Onde diabos está o transporte que não apareceu ainda?” perguntou o atirador da direita dando uma rápida olhadela no relógio sincronizado e como se respondessem à sua pergunta um caminhão passou atravessando o pátio vindo pelo lado sul buzinando sem parar e indo em direção ao espião. “Ah, a carruagem chegou!” disse o outro. O caminhão fez uma curva fechada e freou ao lado do espião que não tardou e saltou para o interior do veículo. Era hora de dar cobertura ao transporte. O caminhão arrancou enquanto de dentro do prédio saíam mais meia dúzia de soldados gritando e atirando na carroceria do transporte, que fez mais uma curva fechada passando em frente do outro caminhão que estava estacionado na margem esquerda da escadaria e indo para o leste. O atirador da direita viu o caminhão estacionado e teve uma idéia. O outro parou por um momento e se concentrou para ouvir um som diferente... havia algo estranho naquele som... parecia um som de... “Um automóvel! Vindo pela rua da esquerda” ele gritou. O veículo conversível vinha em alta velocidade e entrou no pátio em perseguição ao caminhão. Deu tempo de ver que eram dois oficiais alemães que estavam no interior. “Eles alcançarão o caminhão!” gritou o da direita. “Não... não irão” respondeu o outro por entre os dentes e prendendo a respiração ele atirou. A bala seguiu diretamente para o peito do motorista, mas a parede de vidro do pára-brisa se estilhaçou desviando a bala levemente para cima e em vez de atingir acima do coração foi o quepe do oficial que voou de sua cabeça revelando uma careca manchada de sangue. O corpo do oficial tombou para frente do volante e o pé sem controle afundou no acelerador. O veículo sem direção acelerou com tudo, saiu da rota de perseguição e se achatou violentamente contra a parede da catedral arremessando o outro oficial para fora do calhambeque. Se recobrando rapidamente da surpresa, o outro atirador olhou para o pelotão que saíra do prédio e viu que eles finalmente chegaram ao final da escadaria e estavam parados bem ao lado do caminhão estacionado abrindo fogo contra a traseira do caminhão de fuga. “Era aí que eu queria vocês, malditos” ele falou, e mirando no tanque de gasolina do caminhão estacionado puxou o gatilho. O estrondo foi gigantesco e a força da explosão transformou o caminhão num grande Coquetel Molotov. Todo o pelotão foi incinerado de imediato. “Na mosca, camarada!” falou o da esquerda. A sirene ainda soava dizendo que o intruso estava fugindo. O caos estava instalado no pátio da cidade, mas por enquanto os soldados alemães estavam refreados. A missão foi cumprida. Os dois atiradores se olharam e concordaram que era hora de fugir dali, mas ao se levantarem e se voltarem para descer as escadas da torre um som de vozes e passos vinham de baixo, de dentro da torre. Os inimigos estavam subindo em seus encalços. Os dois se olharam mais uma vez e sem hesitar trocaram de arma: colocaram os fuzis nos ombros e empunharam as metralhadoras PPSH. A missão tinha sido cumprida, mas ainda restava escapar daquele inferno."

Meio longa, né?

Mas foi desse jeito.

Bom, depois eu conto as outras partidas que joguei e continuo jogando com Panda.

Que Deus nos abençoe.